“Enfrentei uma dura competição a vida toda. Eu não saberia como me dar bem sem isso.” — Walt Disney
Eu caí sem querer no mundo do design. Fui afortunado demais por ter nascido em uma família que sempre respeitou minha mente criativa e inquieta. Então desde pequeno eu desenvolvi uma habilidade que talvez alguns não considerem importante: a curiosidade.
Passei a infância e a adolescência desenhando. Quando saí do colégio e comecei a trabalhar em um estúdio de ilustração. Tudo que eu sabia era ilustrar e colorir no Photoshop e aquilo era — até então — o que eu queria fazer pro resto da minha vida.
Lembro que comecei a mudar de ideia no momento em que me interessei em descobrir o que raios era “imagem em vetor”. Foi depois descobrir o designer e ilustrador Hydro74 (também conhecido como Joshua Smith).
Entender como ele ilustrava e qual ferramenta ele usava, me fez ir atrás de aprender a usar o Adobe Illustrator. Nesse ponto eu ainda não enxergava muito bem a importância do design pra combinar elementos gráficos e textos em uma arte. Mas o que eu sabia era que essa mistura de elementos tornava tudo mais visualmente atraente (pelo menos pra mim).
E eu acho que se não tivesse aprendido a usar Illustrator (que na época era um dos poucos programas em que era possível criar peças voltadas para o design; não to dizendo que você precise saber usar ele hoje), eu provavelmente não teria conseguido fazer um estágio em um estúdio de design.
Então acho que a primeira lição é: design é uma vantagem competitiva.
E é só olhar pros celulares antes (e depois) da Apple lançar o seu primeiro iPhone. As escolhas que eles fizeram em um aparelho moldou o mercado atual de telefonia.

“O design é mais sobre o processo do que sobre a beleza resultante.” — Melissa Sisco
A pergunta que mais ouvi no meu primeiro ano de estágio: por que você escolheu X e não Y?
Nos primeiros três meses eu ficava confuso, e nos outros eu comecei a ficar com medo. Medo de simplesmente achar que “design não era pra mim”.
Apesar de entender perfeitamente — dentro da minha cabeça — as escolhas que eu fazia em cada trabalho, eu ficava receoso em falar pro diretor de arte, o motivo de ter escolhido a fonte Anexa ao invés de Helvetica Neue. A cor preta ao invés de cinza. Não ter textura aqui, mas ter uma textura ali.
Primeiro pelo fato de me considerar “muito novo” (de idade e de tempo no design). Segundo por sentir que eu não merecia estar ali, sendo que eu não tinha um diploma na área (ou como alguns chamariam: a síndrome do impostor).
Na minha cabeça eu era alguém que “apenas sabia desenhar” e por “mera coincidência”, sabia usar ferramentas de design.
Mas a verdade é que nada dessas coisas importavam. O que eu deveria ter feito era apenas aprender com a pergunta mais cedo.
E essa foi a segunda lição que aprendi (e provavelmente a mais importante): no design as coisas tem motivo pra serem do jeito que são. Tudo é pensado e justificado.
A gente tem que designar os elementos e textos dispostos na tela para cumprirem alguma função.

“Você não pode conectar os pontos olhando para frente; você pode apenas conectá-los olhando para trás.” — Steve Jobs
Eu tenho muito a agradecer pelos meus pais, por terem me dado liberdade para ser uma criança e um adolescente criativo.
Entendo que a minha realidade foi diferente de muitos outros, que foram desencorajados durante anos por pessoas (pais, parentes ou amigos) que não acreditavam na arte ou no uso da criatividade.
E acho que isso foi um grande facilitador para que eu pudesse exercitar a criação através do desenho, que resultou no meu primeiro emprego, e que mais tarde, me levou a ser designer.
Mas considerando que eu desenho tão pouco hoje (infelizmente), tenho certeza de que não é necessário saber ilustrar para se tornar um bom designer (mesmo que, historicamente, o termo “design”, hoje, seja uma evolução do “desenho industrial” em terras tupiniquins; mas vou deixar isso pra outro texto).
Acredito que uma das coisas importantes para ser um bom designer, é ter senso crítico. E como diversos temas diferentes, este senso vem com o consumo, análise e e muita prática. Esta foi a terceira lição que aprendi.

“O importante é não parar de questionar. Curiosidade tem sua própria razão para existir.” — Albert Einstein
Quarta e última lição: se não fosse pela curiosidade, eu sinceramente não faço a menor ideia do que estaria fazendo da vida hoje.
“Como eu desenho esse personagem?”
“Que cor eu posso colorir esse personagem?”
“Hmmm será que consigo colorir isso no computador?”
“Hmmm como que vou inserir esse texto nessa ilustração?”

Uma pergunta foi levando à outra. É isso que me motivou e continua me motivando a aprender coisas completamente novas e diferentes, hoje.
Aprendi a fotografar, filmar e editar vídeos. Aprendi a escrever artigos. Hoje estou aprendendo produção musical e como realizar uma “stream” pelo YouTube. E sei lá o que irei aprender amanhã.
Eu apenas sigo a minha curiosidade e permito que ela me mostre novos caminhos.



Obrigado pela leitura!
Se acha que este texto colabora (mesmo que pouco) com o desenvolvimento da humanidade, ajude compartilhando em suas redes sociais ou com amigos.
Até mais!

< Texto também publicado em medium.com/@plqml >
Voltar ao topo